quinta-feira, 20 de maio de 2010

Entrevista à D.Fátima, auxiliar da escola

1) Sabe qual é o problema do aluno com X- Frágil?
R: Não, na verdade não sei. Não sei a quem posso perguntar sobre isso nem tenho o à vontade suficiente para isso. Como quase não vejo a família dele também é complicado.
No fundo o que eu sei é que ele é um rapaz inteligente e responsável mesmo com o problema que tem. Ele é amigo, querido, protector e também terapêutico, como que uma terapia para nós e uma ajuda.

2) Sabe como lidar com ele?
R: Fui-me habituando. Ele quando veio para cá não falava e isolava-se, ao longo do tempo à medida que íamos falando com ele e o íamos cativando ele começou a ficar diferente e a mudar de comportamento.

3) Nota evolução nele desde que chegou até agora? Está integrado?
R: Ele aprende as coisas facilmente por isso vai evoluindo gradualmente ao longo do tempo. Por exemplo, ele é observador, tenta imitar aquilo que nós fazemos e se alguém faz alguma coisa mal ele acusa logo ou então chama-nos a atenção.
Ele é responsável e tem uma rotina que sabe a rigor sem que ninguém lhe diga nada, isso impressiona-nos. Se por qualquer razão essa rotina é mudada ele fica desencaminhado.
Quanto a estar integrado, quando veio para aqui ele não queria comer, escondia-se…agora já não, agora fala livremente com as pessoas.
Eu pressionava-o, puxava por ele e ajudo-o a ter um comportamento diferente. Agora ele já é diferente, já anda sozinho pela escola, agora é ele que se mete a falar com as pessoas, já não é tão tímido. Quando um dos funcionários foi embora por um tempo ele mudou e aí começou a andar comigo.

4) Esse aluno ajuda em algum tipo de tarefas?
R: Ajuda, ele gosta de se sentir útil e faz as coisas de boa vontade. Há dias em que ele não está tão bem disposto, e nós tentamos dar lhe espaço por um tempo e depois vamos ter com ele e ele já esta bem de novo. Tentamos respeitar o espaço dele.

5) O que faz? Que tipo de tarefas?
R: Ele faz recados, ajuda a limpar e apanhar o lixo, e como já disse tenta imitar aquilo que fazemos. Ele gosta de ajudar a fazer este tipo de tarefas. Acho que se ficasse responsável por este tipo de coisas ele tinha um bom desempenho desde que houvesse uma rotina que é aquilo que ele precisa para se adaptar. Até porque ele não se esquece de nada, é preocupado… Nós as vezes até fazemos como que uma espécie de brincadeira/experiência com ele para ver quais são as sua competências, e ver até que ponto ele poderá chegar.
Quando ele vai de férias ele regride um pouco, nota-se que chega diferente. No primeiro dia não fala e tem alguma dificuldade.
Se ele não vier para cá nós sentimos logo a falta dele, porque ele cativa as pessoas. Acho que deviam arranjar alguma coisa para ele aqui na escola, porque acho que ele se sente bem aqui e ir embora acho que não seria muito bom para ele.

6) Tem autonomia para fazer sozinho essas pequenas tarefas?
R: Tem alguma, se já tiver uma rotina interiorizada. Também depende da maneira como falamos com ele porque ele gosta de ser bem tratado.
Nós rimos, falamos, brincamos muito com ele, mas com limites. Às vezes temos mesmo de parar para que ele volte ao seu estado normal e não haja nenhum problema. Nada pode ser em demasia.
Se houver algum problema ele recata-se.
É engraçado, quando lhe falamos de algo que não lhe agrada ele muda logo de conversa ou faz de conta que não está a ouvir nada. Ele sabe perfeitamente se o enganam ou se lhe mentem.

7) E quanto ao aluno que tem Trissomia 21 e os que tem deficiência mental?
R: Acho que alguma formação sobre os problemas que tem estes alunos nos dava algum jeito. O aluno com Trissomia 21 gostava muito de fazer maldades. Nós nem sabíamos lidar muito bem com ele. Depois ficamos a saber que para ele mudar de comportamento é preciso falar com ele de uma forma mais dura, foi uma professora que nos falou disso. Ele tem a noção daquilo que faz, mas é preciso ter o pulso forte. Ele é teimoso, mente, às vezes escondia-se para não ir às aulas. Acho que ele não tem evoluído muito ao longo do tempo que está aqui. Está integrado na escola, nós também acabamos por conhecê-lo, mas a única coisa que mudou foi o comportamento.
Quanto aos alunos com deficiência mental, alguns tem evoluído, outros nem por isso, mas nós tentamos ajudá-los.

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